4.ª Conferência de Promoção da Igualdade Racial reafirma compromisso com uma Araucária mais justa, inclusiva e igualitária

A Conferência Municipal de Promoção da Igualdade Racial do município de Araucária, realizada nos dias 23 e 24 de maio, foi mais um passo importante de construção coletiva de uma cidade mais justa, inclusiva e igualitária para todos.
O evento é uma realização do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (COMPIR), que conta com representantes da sociedade civil e do poder público.
O evento teve como tema “Araucária Negra, Vem pra Conferência por Democracia, Justiça Racial e Reparação Histórica”.
A conferência também incluiu o processo de elaboração de propostas a partir dos grupos de trabalho (26 propostas aprovadas) e da eleição dos delegados que vão representar o município na etapa estadual, que vai ocorrer em Foz do Iguaçu entre os dias 15 e 17 de junho.
Na abertura, o prefeito de Araucária, Gustavo Botogoski, citou que “estar aqui é, antes de tudo, um momento de respeito e estudo” e que “não estou aqui para falar por alguém.
Estou aqui para ouvir”. De acordo com o prefeito, o momento é um convite a pensar sobre o quanto precisamos avançar para uma cidade com dignidade, oportunidade e respeito. Ao lado dele na cerimônia, o secretário municipal de Governo, Edison Roberto da Silva, classificou o momento como “marco histórico” e que a conferência é “espaço de construção coletiva e compromisso com a justiça social”.
O secretário lembrou ainda que a promoção igualdade racial é “dever da sociedade como um todo” e que “não haverá democracia plena enquanto houver racismo estrutural”.
Já o presidente do COMPIR, Paulo Machado, destacou que “se tem pessoas aqui, é porque políticas públicas precisam ser pensadas” e que o principal objetivo do evento “é permitir que todas as pessoas alcancem as políticas públicas”. Também conselheira do COMPIR, a representante da sociedade civil pela Associação Terreiro Odé Kassú, Jaguaracy Santana dos Santos, considerou a conferência “um momento de plantar e colher”.
A conselheira também citou a importância dos grupos de matriz africana: “Nós somos povo de acolhimento. Os terreiros são ponto de acolhimento”, destacou, lembrando que “o COMPIR precisa ser fortalecido para acolher esse povo”. Mesa Magna A temática da conferência foi abordada na Mesa Magna, que reuniu a pedagoga da rede municipal de ensino, Márcia Reis, vice-presidente do COMPIR, militante das questões raciais, entre outras atuações na área; e o procurador do Município de Araucária, o advogado Carlos André Amorim Lemos, presidente da Comissão de Análise de Compatibilidade com a Política Pública de Cotas e presidente da Comissão de Processo Administrativo Disciplinar.
A mediação ficou a cargo do professor de Educação Infantil Marcelo Henrique dos Santos. Com mestrado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde foi estudante cotista, Marcelo é autor de trabalhos e pesquisas voltados para aumentar a presença negra e combater a invisibilidade na Educação Infantil, abordando questões de raça, gênero e interseccionalidade.
As questões de Democracia, Justiça Racial e Reparação Histórica foram abordadas de maneira prática a partir das vivências dos participantes na cidade. Com 30 anos de atuação em Araucária, a pedagoga Márcia Reis abordou o papel da educação na construção de uma sociedade mais justa e com mais respeito:
“A Educação Básica tem que ser tão boa que dê suporte para combater o racismo”, ressaltou. Ela também chamou a atenção para um novo momento na composição do COMPIR:
“Os nomes [indicados pelo executivo] vão à reunião. Até então, tinham cadeiras vazias porque não havia compromisso do governo”, revelou. Já o procurador Carlos André Amorim Lemos falou da sua trajetória ao longo de quase 15 anos no município, onde foi o primeiro cotista.
Na sua avaliação, o aumento no número de vagas foi um passo importante, mas ainda há muito a ser feito. Construção coletiva O segundo dia da conferência teve como destaque a construção coletiva das propostas elaboradas a partir dos três grupos de trabalho propostos:
Milton Santos (sobre Democracia), Carolina Maria de Jesus (sobre Justiça Racial) e Lélia Gonzalez (sobre Reparação Histórica). Além das propostas aprovadas, que serão encaminhadas à conferência estadual, o evento também contou com a eleição dos cinco representantes da sociedade civil (uma vaga para mulher, uma vaga para Comunidade de Terreiro, uma vaga para LGBTQIAPN+ e duas vagas para negros – pretos e pardos). Ao longo da programação, os participantes tiveram a oportunidade de conferir atos culturais apresentados por Eva Coller e pelo grupo Faruk, que mostraram a força da ancestralidade africana.